Dia das Crianças faltando filhos
Bacana comemorar, dar presentes, levar para passear.
Toda criança merece ser comemorada, festejada, amada, idolatrada, principalmente
neste mês, onde em nosso país um doente colocou
fogo e matou mais de dez crianças que não tinham como se defender.
A criança é a continuidade dos pais, da raça, dos ideais, criança é tudo de
melhor que existe. Quantas vezes nos vemos em nossos filhos, nos gestos, nas
palavras, na forma de andar, falar, agir.
Mas,há muitos casais sem seus filhos para comemorar, os que já citei acima, e
os que por inúmeros motivos perderam seus filhos em gestações interrompidas, em
acidentes, por doenças diversas, ou seja o Dia das Crianças para uma parcela da
população será um dia triste.
O que fazer com esta dor?
Como viver com esta dor?
Não há o que fazer! Cada um, a seu modo, vai descobrir.
Eu busquei união com outras mães na mesma situação, desta forma além de ter
como e com quem compartilhar minha dor, juntas promovemos união, carinho, amor,
atenção e assim seguimos a vida.
Queridos pais que não tem seus filhos ao seu lado, eu por mais de 30 anos, não
tive filhos, perdi duas gestações e por fim perdi minha filha, foi muito difícil,
é muito difícil até hoje, nestas datas eu fugia, é isto, eu fugia, fazia coisas
que me afastassem da dor, da solidão. Se ficar no meio da família rodeada de
crianças não te fará bem, vá para a praia, viaje com seu companheiro, amigos
sem filhos, e não se culpe nunca por isto, apenas o faça, seja egoísta sim,
pois na hora da dor você sempre esta só.
Se te fizer bem dar presentes a crianças carentes, ou mesmo não carentes, o
faça de coração aberto, e aproveite o dia!
Faça o que o SEU coração mandar, eu demorei a pegar um bebe no colo na segunda
perda gestacional, nunca me culpei por isto, pois era meu luto, a minha dor.
Aproveito também para dizer a todas as crianças lindas que me cercam, que eu
amo ser mãe, mãe de 04 (quatro) crianças sim! Para o meu filho sobrevivente e
para vocês crianças, desejo um dia alegre, lindo, rodeado de amor e carinho,
pois criança é isto:- Amor!
Feliz dia Crianças!
Odete, mãe do Ricardo e de mais três. Tia e tia avó. Madrinha.
Amiga de muitas e muitas crianças. 10.10.2017
Quando a dor de perder um bebê não é respeitada: "Vai incinerar com o lixo"
Perder um filho é dilacerante para pais e mães. Mas famílias que perderam seus bebês --antes mesmo do nascimento ou logo após-- relatam dificuldade de encontrar espaço físico e acolhimento para viver o seu luto, ainda no hospital. Há mulheres que são colocadas no mesmo ambiente com mães que estão recebendo seus filhos saudáveis ou em quartos vizinhos, tendo de ouvir o choro de recém-nascidos e a alegria das famílias.
A psicóloga Larissa Rocha, uma das fundadoras do projeto Do Luto à Luta: Apoio à Perda Gestacional e Neonatal, perdeu um filho aos cinco meses de gestação, em função de um problema chamado gestação molar (na qual um tumor, geralmente benigno, desenvolve-se no útero), e viveu situações desrespeitosas em uma maternidade privada no Rio de Janeiro.
“Do meu quarto, logo após a curetagem, ouvia bebês chorarem. Funcionários entravam e me perguntavam do meu filho. Ganhei kit maternidade, um brinde distribuído em algumas maternidades particulares”, conta Larissa, que perdeu um bebê entre as gestações dos filhos Tomás, 4 anos, e Mila, 1.
Na falta de um protocolo oficial que oriente hospitais e profissionais da saúde a lidarem com a perda gestacional e neonatal, o Do Luto à Luta reivindica um tratamento mais humanizado com base em algumas orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde).
“O uso de uma pulseira diferente pela mãe que perdeu o filho já evitaria que ela fosse alvo de perguntas indelicadas. Se não é viável ter uma ala só para o atendimento delas na maternidade, elas poderiam, pelo menos, serem colocadas afastadas das mães com seus filhos nos braços”, diz Larissa.
O drama relatado pela psicóloga é vivenciado tanto no sistema público de saúde quanto no privado. A seguir veja histórias de outras mulheres que passaram por ele.
A psicóloga Larissa Rocha, uma das fundadoras do projeto Do Luto à Luta: Apoio à Perda Gestacional e Neonatal, perdeu um filho aos cinco meses de gestação, em função de um problema chamado gestação molar (na qual um tumor, geralmente benigno, desenvolve-se no útero), e viveu situações desrespeitosas em uma maternidade privada no Rio de Janeiro.
“Do meu quarto, logo após a curetagem, ouvia bebês chorarem. Funcionários entravam e me perguntavam do meu filho. Ganhei kit maternidade, um brinde distribuído em algumas maternidades particulares”, conta Larissa, que perdeu um bebê entre as gestações dos filhos Tomás, 4 anos, e Mila, 1.
Na falta de um protocolo oficial que oriente hospitais e profissionais da saúde a lidarem com a perda gestacional e neonatal, o Do Luto à Luta reivindica um tratamento mais humanizado com base em algumas orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde).
“O uso de uma pulseira diferente pela mãe que perdeu o filho já evitaria que ela fosse alvo de perguntas indelicadas. Se não é viável ter uma ala só para o atendimento delas na maternidade, elas poderiam, pelo menos, serem colocadas afastadas das mães com seus filhos nos braços”, diz Larissa.
O drama relatado pela psicóloga é vivenciado tanto no sistema público de saúde quanto no privado. A seguir veja histórias de outras mulheres que passaram por ele.
Se pesar menos de 500 g, vai incinerar com o lixo hospitalar”
“Era noite e cismei que o Felipe não estava mexendo. Estava com cinco para seis meses de gestação. Na manhã seguinte, eu e meu marido fomos para o hospital público mais perto da minha casa. Estava fazendo o pré-natal pelo SUS [Sistema Único de Saúde]. O médico tentou ouvir o coração do bebê, e nada. Fiz um ultrassom, que constatou que o Felipe estava morto. O médico virou para mim e falou: ‘Você fez alguma coisa para isso acontecer?’. Insinuando que eu tinha provocado um aborto! Fui até o lado de fora do hospital dar a notícia para o meu marido, porque não tinham deixado ele ficar lá dentro comigo. Sentamos os dois na calçada e choramos. Quando entrei, tive de tomar um remédio para expulsar o bebê. Fiquei 24 horas em trabalho de parto, vendo outras mães tendo seus filhos saudáveis. Morrendo de dor, a cada vez que ia ser examinada para conferir a dilatação, ouvia das enfermeiras: ‘Foi você que perdeu o bebê, não é?’. Na hora em que finalmente ele nasceu, a que estava comigo falou sem rodeios: ‘Se pesar mais de 500 g tem de fazer funeral, se não, vai incinerar com o lixo hospitalar’. Disse isso e colocou ele e a placenta em uma bacia de alumínio e levou. Sei que o luto era meu, mas não teve respeito.” Kátia Gonçalves Moreira, 38 anos, é mãe também de Fernanda, 17, e Mariana, 10.
Foi uma noite de terror, ouvindo todos os bebês chorando”
“Estava com 33 semanas de gestação do Pedro quando fui para o Rio de Janeiro. Lá peguei uma gripe forte. De volta a São Paulo, fui fazer uma ultrassonografia de rotina, e o médico demorou mais do que o habitual. Notei a cara de preocupado. No exame, foi constatado que o bebê tinha arritmia cardíaca disfuncional no ventrículo direito. Depois descobri que o vírus da gripe havia afetado o coração dele. Saí de lá para procurar um especialista em cardiologia fetal. Tentou-se corrigir o problema por meio de medicamentos, mas não foi possível. Quando cheguei na maternidade [privada e de alto padrão], sabia que a situação era grave. Ele nasceu e nem pude vê-lo. Foi direto para a UTI neonatal. Já no quarto, sem notícias do estado do meu filho, tocou o telefone. Eu atendi e a pessoa do outro lado disse: ‘Fala para o pai do Pedro descer, que o estado dele é grave’. Fiquei desesperada e implorei por uma cadeira de rodas para ir até ele. Quando cheguei, ele já tinha morrido. Voltei para o mesmo quarto, na ala da maternidade. Foi uma noite de terror, ouvindo todos os bebês chorando nos quartos vizinhos. No dia seguinte, ainda teve uma enfermeira que entrou perguntando onde estava o Pedro.” Veridiana Pires Fraga, 38 anos, também é mãe de Valentina, 7, e Henrique, 9 meses.
"Fiquei com outras mulheres em trabalho de parto”
“Iria completar três meses da minha primeira e tão sonhada gravidez. Uma semana antes de perder, fui assaltada no trabalho. No dia seguinte, começou um sangramento. Fui para a maternidade pública mais perto da minha casa e constatou-se descolamento de placenta. Tomei remédios e me mandaram embora, para ficar de repouso. À noite, acordei com meu marido me chamando. Estava toda suja de sangue. Corri para o banheiro, quando tirei a calcinha, tinha um negócio roxinho. Eu me desesperei e voamos para a maternidade. No hospital, foi constatado que eu havia perdido. A médica pegou a calcinha que eu tinha levado de casa e falou: ‘É perda mesmo’, e jogou no lixo. Fui internada para fazer uma curetagem, na manhã do dia seguinte. No quarto, havia mais duas mulheres em trabalho de parto. Fiquei lá ouvindo-as gemerem. Antes de fazer o procedimento, ainda as vi voltarem com seus bebês nos braços. Foi horrível.” Priscila Souza, 30 anos, também é mãe de Lívia, 5, e Mariana, 2.
"Tive medo de engravidar de novo”
“Estava com 12 semanas quando sofri um aborto espontâneo. Estava em casa e senti uma cólica muito forte. Em seguida, veio um sangramento intenso. No hospital, um ultrassom constatou que o feto não tinha batimento cardíaco. Tive de enfrentar uma curetagem e, no pós-operatório, uma sala cheia de mães comentando se haviam tido menino ou menina, o tipo de parto... Foi horrível. Depois disso, tive medo de engravidar de novo.” Silmara Robiati Giglio Castilho, 45 anos, também é mãe de Giovani, 19, e Livi, 13.