sábado, 2 de setembro de 2017

Texto de 2012

A vergonha da perda.

Quando a mulher se descobre grávida, através de testes de farmácia, exame de sangue, atraso menstrual, suposição, o que importa é a alegria.
A primeira reação é sair correndo e contar ao parceiro, aos amigos, parentes, e esperando ser tratada como um ser especial por todos, afinal naquele corpo esta sendo gerado um ser humano.
E começam os preparativos para a chegada do bebê.
Porém, nem sempre a história tem um final feliz, e a alegria toda da descoberta se transforma na dor da perda.
A perda pode acontecer por vários motivos, e em muitos casos pode ser evitada na próxima gestação, mas a dor, esta não tem cura.
Grande parte das mulheres ao perder um bebê se acomete de um sentimento chamado Vergonha.
Vergonha de ter perdido, vergonha do parceiro, dos parentes, dos amigos, pois era sua obrigação dar alegria a estas pessoas e ela falhou.
A mulher terá a tendência de se isolar, de fugir do contato com as outras pessoas, principalmente daquelas que tem filhos.
Falar sobre o assunto vira um tabu.
Eu vejo isto como um grande erro, fugir do problema não ajuda em nada no processo do sofrimento, e não existe qualquer motivo, pelo qual se envergonhar.
Escuto sempre que a pessoa não quer se expor, não quer que saibam da dificuldade em gerar um filho, não quer a prima falando dela, os amigos etc.
Eu digo o seguinte:- Não existe vergonha alguma em se perder um filho, pois ninguém tem culpa, aconteceu por qualquer um dos motivos médicos e ou genéticos, ou ainda imunológicos, procurar saber qual foi o motivo é o pontapé inicial na busca do novo filho.
Fazer desta dor, motivo de incentivo para buscar uma solução para a realização do sonho é a melhor maneira de conviver com esta dor. O isolamento traz apenas mais tristezas ao dia a dia.
Vamos pensar um pouco mais sobre este assunto?

Odete dos Santos, duas perdas gestacionais do primeiro trimestre, e uma perda pós nascimento, e mãe de um menino de 6 anos hoje.


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