A perda de um filho é, provavelmente, uma das piores
experiências que alguém pode enfrentar, e praticamente todo mundo reconhece
isso como uma verdade. Mães e pais que perderam seus filhos recebem todo tipo
de conforto e apoio, sua dor é compreendida pela sociedade como uma dor
legítima.
Mas e quem perde um filho antes do nascimento, ou logo após?
Para quem nunca viveu isso, parece que é uma dor menor, superável, pois afinal
aquele ser nem chegou a existir.
Só quem passou por isso sabe o quanto é dolorido, triste e
solitário passar por uma perda gestacional, ou perder um bebê logo após o
parto. Muitas pessoas chegam a ser insensíveis, mesmo tentando ajudar: nos
dizem que somos jovens e podemos tentar de novo, ou que já passamos da idade
ideal para ter filhos e deveríamos ter pensado nos riscos; que provavelmente
aquele bebê teria problemas graves de saúde, ou ainda que foi uma escolha de
Deus. Provavelmente tudo isso é verdade, mas é o pior a se dizer no momento em
que a pessoa está vivendo sozinha uma dor enorme, e possivelmente se culpando
por não ter conseguido ter aquela criança. Por que tomei aquela dose de vinho?
Por que não parei a ginástica? Por que não percebi a gestação antes? Por que
tomei aquele medicamento? São infinitos “porquês” que enchem a cabeça da mãe de
culpa.
Quando é que as pessoas vão se tornar mais sensíveis ao luto
da perda gestacional?